sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Oficina em Salvador ! 27.000 anos de História do Circo

esse video foi feiro durante a Oficina em Salvador, foi muito legal enlouquecer e viajar em ótima companhia na História do Circo!

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Cultura na Copa

estamos ouvindo o relatório da Comissão do MinC que está estudando as contribuições da Cultura para a Copa do Mundo de 2014
Os trabalhos ainda estão no início mas já foram levantadas diversas questões sobre o papel da Cultura nesse momento que o país viverá.
Serão lançados editais mas este processo ainda está no começo.
vou scanear o material que recebi para que todos possam acompanhar.

Consulta pública do Plano Nacional de Cultura

Durante um mês o Plano Nacional de Cultura estará em processo de consulta pública!
Convoco todos os circenses e demais artistas e técnicos para conhecerem melhor a proposta que será votada pelo Congresso.
Nesse momento estamos ouvindo o Diretor de Estudos e Monitoramento de Políticas Culturais, Américo Córdula que está apresentando para o CNPC a plataforma de consulta das metas tanto do plano Nacional como dos planos Setoriais.
A consulta será feita no portal do Ministério da Cultura: www.cultura.gob.br

15 reunião do Conselho Nacional de Políticas Culturais

Depois de tanto tempo volto a postar nesse blog... e retomo com os comentários sobre a reunião do CNPC que está acontecendo agora, neste instante. Ao vivo de Brasília!
1. O primeiro ponto da pauta é
Lançamento da Consulta Pública das Metas do Plano Nacional de Cultura - Interfaces entre o Plano Nacional de Educação e o Plano Nacional de Cultura
presentes a Ministra da Cultura - Ana de Hollanda (aqui está escrito assim... não sei se é erro de digitação ou coisas da numerologia....)
Ministro da Educação - Fernando Haddad
Assessor especial do Ministro da Educação Carlos Alberto Xavier
Deputado Federal, relator do Projeto de lei do PNE, Angelo Vanhoni
Secretário de Políticas Culturais/MinC - Sergio Mamberti
e mais o Américo Córdula atual Diretor de Estudos e Monitoramento de Políticas Culturais e a Diretora de Educação e Comunicação da SPC/MinC, Juana Nunes Pereira

a apresentação do Haddad é, como sempre, excelente!
ele acabou de propor um Encontro dos 2 Ministros com os agentes do Sistema S, especialmente Sesc e Sesi para implantar parcerias como vem acontecendo entre o MEC e o Senai.
Ele sugere que enxerguemos os espaços culturais do Sescs como excelentes Pontos de Cultura.
integrá-los como agentes públicos nas ações de cultura e educação, não estatais (e isso é importante) mas públicos.
Como exemplo da relação com o Sistema S citou os Fóruns Estaduais de Ensino Profissionalizante onde se busca apoiar ações e evitar sobreposição de recursos nas mesmas regiões e atividades.
Vou falar do Circo e do Ensino à distância. corrigindo não vou falar... a mesa não me viu fazendo gestos histéricos para garantir a fala.... acontece!

terça-feira, 5 de abril de 2011

diretamente do Conselho

Escrevo enquanto acontece a 13 reunião do Conselho Nacional de Política Cultural. Tivemos uma manhã lotada de falas. Foram 10 apresentações entre a Ministra, secretário-executivo e todos os diferentes secretarios....
Mais uma vez vemos a reunião ser pautadada com tanta falação que sobra muito pouco tempo para o debate.
Minha maior preocupação até o momento é a fala da Ministra e do Secretario do CNPC de que os Colegiados voltariam a ser da competência das vinculadas. Ou seja deixamos a relação direta com o Ministério e passamos a ter como única esfera a Funarte.
Essa experiência se mostrou falida na época das Câmaras.
A Funarte já tem essa relação direta!
Com o Ministério podemos avançar em outros setores.
enfim....
Quanto aos animais: fui recebida com o Vitor Ortiz me entregando a cópia de um convite para que o secretario geral do Ministério do Meio Ambiente participe da reunião de hoje à tarde quando o protesto pela não implantação do GT será debatido.
Conversei muito com o representante do Meio Ambiente e na avaliação dele poderemos resolver a questão rapidamente................
continua................

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fundo Nacional de Cultura!

Neste momento o Ministro da Cultura está assinando a portaria que publica o plano técnico do Fundo Nacional de Cultura destinando 300 milhões de reais atendendo a todos os seguimentos artísticos!
Nunca antes na história desse país a Cultura foi tratada dessa maneira!
segunda feira já estara na página do Ministério da Cultura a relação dos editais de cada área.
Bom Dilma para todos
Alice Viveiros de Castro - CNPC

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ministro Juca se posiciona pela Regulamentação dos Animais nos Circos

Escrevo do Plenário do Conselho Nacional de Cultura,
O Ministro Juca Ferreira abriu a discussão com uma fala sobre as ações do Ministério da Cultura nos últimos 8 anos.
Vou resumir esta fala numa história que o Ministro Juca contou:
Na primeira entrevista que o Ministro Gil concedeu à imprenssa estrangeira surgiu a pergunta de qual seria a "Marca" de sua gestão.
Gil demorou para aceitar a pergunta pois não conseguia siquer compreender do que se tratava.
Depois de um tempinho ele disse: a Marca dessa gestão será a ABRANGENCIA.
Juca seguiu sua fala nesse sentido. De como o Ministério tem a obrigação de atender a todas as formas de manifestação cultural e de como a partir deste conceito básico as demandas foram surgindo e as dificuldades também.
No final de sua fala o Ministro disse:(estou tentando transcrever com a maior fidelidade possível)
"Um exemplo de demandas que foram surgindo para o Ministério há a questão dos Animais nos Circos. Sábado paassado nós recebemos a informação de que o IBAMA havia aprendido os animais de um Circo em Salvador. Liquei imediatamente para a Ministra do Meio Ambiente e
conversamos sobre a situação dos circos e dos animais. Ela se surpreendeu muito com a informação de que até patos foram apreendidos!
"Patos não são da competência do IBAMA!"- disse a Ministra. E o Ministro completou com a informação de que os animais apreendidos estavam morrendo de depressão e saudades....Esta não é uma solução para a proteção dos animais, precisamos ter regras que protejam os animais e também a arte circense.
Nesse momento comunicou para todo o Plenário a formação da Comissão Interministerial para a Regulamentação dos Animais nos Circos.
peço a todos que divulguem esta informação
Abraços

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Meninos eu Vi

Meninos eu vi,
Eu vi isto tudo começar!
Me lembro de um tempo em que Circo era aquela lona imensa armada na Praça Onze, e os circenses um mundo à parte de tudo. Maravilhoso, surpreendente, mas à parte. Mágico, misterioso e inacessível.
Já o teatro não, teatro era moda. Todo mundo ia e muita gente fazia. Todo o colégio que prestasse tinha pelo menos um grupo em atividade. Fazia-se teatro nas igrejas, nos prédios, nos bairros. Onde jovens se encontrassem havia um grupo de teatro... E o grande barato era fazer parte de um Grupo.
A direção era coletiva e na maioria das vezes o texto também. E quem fazia teatro vivia indo ao teatro. Hoje é Dia de Rock lotava e os amigos disputavam quem já tinha assistido mais vezes. Vi Gracias Señor do Oficina, e nunca vou me esquecer da incrível sensação de passar do balcão do Teatro Mesbla direto para o palco segurando uma corda. O teatro na década de 70 era participativo. Ninguém falava em "interativo", a palavra era participação. E tome água na cara, beijos, flores para o público, e muitos abraços, que na década de 70 todo mundo se abraçava muito... Tempos do desbunde e de muito amor.
Eu não tinha a menor idéia de como aquilo começara. Só mais tarde fui saber da importância do A Comunidade , um grupo de artistas que abandonou os Teatros formais e foi para o MAM, misturando palco e platéia, rompendo com a frontalidade e a verticalidade da cena italiana. Não vi SOMMA – os melhores anos das nossas vidas, e fiquei enlouquecida. O espetáculo era um desbunde. A ordem das cenas mudava a cada dia, cada espetáculo era único. A platéia participava intensamente e se misturava com os atores pelo palco e pelos camarins. Mas a censura pegou pesado e o espetáculo foi proibido depois de15 sessões. Eu não vi, mas me lembro que foi nessa época que ouvi falar pela primeira vez de Amir Haddad.
Amir foi um guru. ( E ainda é, ah... ainda é ! ). Diretor bem sucedido, rompeu com o teatrão e foi trabalhar com jovens artistas, pesquisando linguagens, reinventando a cena e experimentando sem parar. O grupo que ele dirigia se instalou no Teatro Cacilda Becker (fazendo jus ao nome de Centro Experimental Cacilda Becker) e foi lá que eles inventaram a moda de ensaiar nas ruas. E daí começou o Teatro de Rua e o Grupo Tá Na Rua.
Tempos interessantíssimos. Valia tudo. A palavra de ordem era "experimentação". Descobria-se o corpo com os exercícios de "expressão corporal". E viva Klaus e Angel Vianna, Nelly Laport e Graciela Figueroa ! Viva os mestres do movimento !
O mais característico do teatro dos anos 70 era a liberdade para buscar novos caminhos. Ninguém seguia regras. Valia se inspirar nas tradições do cordel, da revista, garimpar textos poloneses, dançar e cantar em cena, mergulhar no teatro psicológico e se esbaldar em comédias rasgadas. Sufocados pelos tristes e tenebrosos tempos da ditadura os artistas começaram a perceber que o teatro não mudava o mundo, mas que era muito bom partilhar inquietações... O teatro político de resistência começava a conviver, nem sempre em harmonia, com a turma do desbunde.... E as mesas do Tratoria, do Acapulco ou do El Faro se transformavam em campos de batalha entre os que queriam discutir a função social do artista e os que queriam falar do teatro como caminho para a expressão do indivíduo. Poucos percebiam que era possível juntar tudo... E haja chope e baseado para dar conta de tanta efervescência criativa...
As grandes mudanças se deram em três frentes indissoluvelmente relacionadas: a estética, o processo de criação e as relações de produção. Foi lá nos anos 70 que a idéia de um grupo de artistas unidos por um projeto e que dividiam a bilheteria em percentuais se consolidou. E haja reunião para discutir se algumas funções teriam um percentual maior ou se o mais justo era a divisão igualitária... Na época nos chamávamos de Alternativos. Éramos um Movimento e tome reunião na Casa do Estudante... Grupos surgiam, se desmanchavam em novos grupos e tome exercício, laboratório, ficar nu porque o corpo e a alma eram um só e um artista não podia ter pudores de pequenos burgueses. As improvisações duravam horas e lia-se muito: Grotowisk, Brecht e, um pouco mais tarde, Eugênio Barba e tudo do Odin Theatre. Todo mundo viu Maria e Seus Cinco Filhos e descobriu a riqueza e a beleza do universo de João Siqueira . A galera Zona Sul pirou vendo Luiz Mendonça apresentando Madame Satã como ator. Até que surgiu um grupo de nome esquisitíssimo com um espetáculo hilário, que não propunha nada mas que mudou tudo: Asdrúbal Trouxe o Trombone apresentando O Inspetor Geral !
Asdrúbal foi um fenômeno! Um grupo jovem que estourou no primeiro espetáculo e acabou levando multidões ao teatro em todo o país. O movimento agora era nacional. Os Alternativos faziam sucesso e provavam a viabilidade de uma nova estrutura de produção. Havia no ar um jeito novo de ser empreendedor. Ousadia dava lucro e era possível viver de teatro com uma produção independente, cooperativada e solidária.
No início dos anos 80 os maiores sucessos de bilheteria eram espetáculos de grupo e os prêmios oficiais reconheciam o talento de uma nova geração que chegava...
Foi a partir do sucesso do Asdrúbal que uma galera empreendedora e louca (Perfeito Fortuna à frente) resolveu, em 1982, criar o Circo Voador.

A Escola de Circo
Enquanto isso, o circo tradicional vivia uma crise, precisava renovar seus artistas. E Luiz Olimecha lutava para criar a Escola Nacional de Circo. Um espaço de alto nível onde os filhos de circenses aprenderiam números tradicionais que estavam desaparecendo. Seria a primeira escola oficial da América do Sul, com os melhores professores recrutados entre os profissionais de circo de todo o país e com instalações moderníssimas.
Orlando Miranda, presidente do Instituto Nacional de Artes Cênicas comprou a briga e conseguiu: depois de anos de batalha, a Escola Nacional de Circo foi inaugurada no dia 13 de maio de 1982.
Mas o que é que uma coisa tem a ver com a outra ??? Teatro alternativo e a criação de uma escola para ensinar as milenares artes circenses ??? Pois foi essa mistura de tradição e modernidade que acabou dando neste grupos e artistas que fazem parte deste catálogo. E tudo começou no mesmo ano: 1982

O Circo Voador
Meninos eu Vi ! Vi a lona sendo armada no Arpoador. O Circo Voador juntando rock, dança, teatro e circo. Manhas e Manias, Banduendes por Acaso Estrelados e os poetas do Beijo na Boca e Sem Vergonha inaugurando em 15 de janeiro de 1982 uma nova era na cidade. Caetano eufórico, feliz : " - Este circo está lindo, tem tudo para levantar vôo..." E Perfeito Fortuna organizando, anárquica e amorosamente, a desordem criativa de toda uma geração.
Breno Moroni e Maluh Morenah tomando a rua e ensinando técnicas de circo e de dublê. Vi gente pegando fogo, rolando escadas, descobrindo o prazer de ser audaz e intrépido. O verão de 82 mudou a cara desta cidade para sempre.
Depois veio o rapa e a lona foi para a Lapa, com a Surpreendamental Parada Voadora e o projeto de fazer da abandonada Fundição Progresso um casa de todos os malucos foi virando realidade.

A Rua
A geração que tinha descoberto o prazer do corpo em movimento descobriu a sabedoria da rua e passou a venerar os artistas que nela se apresentavam.
Abrimos aqui um parágrafo especial. Momento de homenagem a um ícone dos anos 80, alguém que transformou para sempre o conceito do que é um grande artista. Vamos por seu nome em maiúsculas, e tirar o nosso chapéu em homenagem ao TIGRE.
Artista de Rua, completo, sublime, Tigre dominava seu público com a agilidade e a picardia de um charlatão medieval. A arte de entreter uma platéia de passantes, de paralisa-los por horas à fio, de manter a energia da roda lhe foi passada nessa corrente mágica que atravessa os tempos, capaz de fazer de um mulato brasileiro do final do século XX herdeiro direto de Tabarin, artista de rua do século XVI.
Pois é, Tigre vivia da rua, do dinheiro miúdo que pingava em seu chapéu coco. Como ele sempre existiram outros tantos nas praças desse Brasil. Na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro eles podem ser encontrados no Largo da Carioca, na Praça Quinze, na Feira de São Cristóvão, ou em qualquer outro espaço de encontro em que multidões circulam frenéticas mas onde ainda é possível ficar parado, de pé, de bobeira, ouvindo uma dupla de embolada, admirando um louco que salta um aro cheio de facas, descobrindo qual a melhor erva para curar lumbago ou admirando, num misto de nojo e encantamento, um comedor de vidro.
Tigre era um pirofagista ou, como diz o decreto que regulamenta a profissão de artista, um Comedor de fogo, aquele que "introduz e expele fogo pela boca, utilizando-se de tochas, acendendo-as e apagando-as sucessivamente; faz também demonstrações de insensibilidade epidérmica ao fogo". Mas isso não tinha a menor importância. Como todo bom artista de rua, seu espetáculo não era a demonstração de perícia em alguma proeza específica. O grande barato era a sua habilidade em nos manter ali, completamente absortos na roda, presos ao magnetismo do artista que nos entretinha com piadas improvisadas na hora, comentários de ocasião e a promessa de que logo logo veríamos alguma coisa absolutamente inusitada.
Meninos eu Vi ! Quantas e quantas vezes fiquei lá, feito uma tonta, parada nas escadarias da Câmara dos Vereadores, a boca aberta, basbaque, esquecida da hora, vendo Tigre, o encantador de gentes...
Em torno da roda, extasiados, estavam Perfeito, Breno, Malu, João Carlos da Cia. Aérea, Mariozin do Teatro de Roda, João Siqueira, José Lavigne, Márcio Trigo e toda a turma do Manhas e Manias, Amir Haddad e tanta, tanta gente que queria fazer coisas diferentes de um modo diferente e que através do Tigre e de seus companheiros compreendeu ali, naquela roda, o quão grande é o mundo, o quão efêmero é o tempo, o quanto pode a vontade quando ela é a expressão generosa de toda uma geração.

A grande Soma de Tudo : Um bando de Intrépidos
Este catálogo é uma boa mostra do que deu misturar a tradição milenar do circo e da rua com a ansiedade de uma geração que queria se mudar para mudar o mundo. Modernos, antenados, conectados e profundamente interessados em contribuir para manter a cadeia mágica que liga todos os homens através dos tempos: a tradição de se exibir para partilhar com o outro o seu prazer de fazer coisas inusitadas... O que é ser artista senão alguém que se expõem para que o encontro entre todos os membros da tribo se dê através do ritual mágico do espetáculo ?
E nada mais espetacular do que o Circo. Festival de proezas e ousadias, espaço ideal para as evoluções de homens e mulheres intrépidos!
Em 1986 o Circo Voador era um sucesso total. Casa de show onde se apresentavam os maiores nomes da música e se lançavam as jovens bandas de rock que de lá iam estourar por todo o país. Era também um centro de oficinas de teatro e dança, um espaço de resgate da gafieira e das grandes orquestras, um lugar para se começar um projeto de hortas comunitárias, uma creche diferente, enfim o Circo era a casa de todo mundo que fazia, queria fazer e curtia ver os outros fazendo coisas interessantes.
No verão, nas areias do Posto 9, Perfeito Fortuna e Jorginho de Carvalho tiveram um papo que mudou a história do Circo no país. Foi sob o sol de Ipanema que eles se deram conta que aquele era ano de Copa do Mundo. A seleção brasileira ia para o México e eles queriam ir também. Mas como? Papo vai, papo vem, no melhor estilo empreendedor carioca, ali mesmo eles desenharam o projeto Circo Voador no México: montar uma lona que levasse ao México a cultura brasileira. Logo conseguiram os primeiros apoios, e o projeto foi crescendo. Orlando Miranda (sempre presente) gostou da idéia e conseguiu sensibilizar o Governo Sarney que ajudou a montar a rede de patrocinadores. Só tinha um problema o México é um país apaixonado por circo, e lá ninguém compreenderia o nome Circo Voador sem espetáculos de circo, só com shows de música e teatro.
Mas isso não era um problema para voadores, bastava montar uma trupe, pegar alguns alunos recém formados da Escola Nacional de Circo, juntar com a galera do Manhas e Manias, do Abracadabra, gente do Coringa de Graciela Fiqueroa e pronto. Dalmo Cordeiro ficou encarregado de arregimentar a trupe e a notícia se espalhou. Fernando Neder veio lá do Recife e trouxe um nome genial: International Intrépida Trupe. E o bando todo, uma mistureba de artistas de todos os matizes e formações se mandou para o México num avião de carga da FAB.
Lá, pela primeira vez, Vanda Jacques, Beth Martins, Dani Lima, Fernando Neder, Alberto Magalhães, Paulinho Dias, Rachel e Ana Rache, Michael Rodrigues, Fernando Neder, Dalmo Cordeiro se apresentaram juntos. O projeto do Circo Voador não deu muito certo, o local era longe, a divulgação teve problemas, os patrocinadores começaram a dar para trás, mas aquela galera viveu momentos únicos em Guadalajara e quando voltaram para o Rio já tinham decidido criar um grupo: a Intrépida Trupe.
Aos "mexicanos" se somaram logo a inglesa Felicity Simpson, o colombiano Hector Combo, Renato Coelho e os cariocas Ricardo Camilo e Claudia Goudá, a Passarinho. Mas foi em outubro, numa festa no sambódromo que a equipe Intrépida se completou com a chegada dos palhaços Xuxu (Luiz Carlos Vasconcellos), Piro-Piro (Geraldim Miranda) e Dudu (Eduardo Andrade). Ali tinha início uma nova fase do circo no Rio de Janeiro e no Brasil.
Meninos eu Vi ! Vi e fiquei pasma. Era circo, mas era alguma outra coisa também. Muitas outras coisas juntas. Os números entravam um por dentro do outro, se mesclavam. Enquanto o monociclista dançava um tango com a moça na perna de pau, os palhaços já estavam na cena, criando o clima para a entrada de 3 lindas nadadoras suspensas no ar. E eu que não tinha percebido o quanto de mar e existe no ar...
As reações foram as mais diversas, todas intensas. – Isto não é circo – esbravejavam alguns tradicionais. – Mas como é possível a moça se equilibrar na cabeça do rapaz ? Isso é circo, mas também é dança, é teatro, isso é dança-teatro-circo !
Os fundadores da Intrépida Trupe estão por toda parte deste catálogo. E também artistas para quem o grupo foi uma inspiração fundamental: alunos da Intrépida, parceiros da Intrépida, admiradores da Intrépida.
Intrépido é o paraibano Luiz Carlos Vasconcellos, mestre Xuxu, formador e inspirador dos novos palhaços por este país. E da paraíba veio a grande parceira Ieda Dantas com sua Fuzarca e seus Gigantes da Lira. Foi ela quem nos seus tempos de administradora descobriu o quanto o espaço do Teatro Nélson Rodrigues era bom para voadores e alpinistas...
A conexão Paraíba-Rio nos trouxe ainda Geraldin Miranda, artista de tudo, referência do circo social, projeto que ele começou nos seus tempos de Intrépida. Pois foi a Intrépida que em parceria com a FASE, IBASE e Iser inventou o circo social e o Se Essa Rua Fosse Minha, lá pelos distantes idos de 1992.
Intrépidos são também os Irmãos Brothers e suas sisters. Intrépida de primeira hora é Dani Lima que encontrou na dança sua mais completa expressão e redescobriu a arte milenar de dançar nas alturas.
A Intrépida é meio assim mãe de tudo. Grande árvore cheia de braços e frutos...
Anônimos
Meninos eu Vi ! Vi mais gente chegando, sangue novo no pedaço. De perna de pau, batucando e tomando a praça. Já estavam na estrada há tempos mas eu só vi quando o Geraldim resolveu fazer um encontro, o Circo no Circo Voador, em 1994. E lá o Teatro de Anônimo assumiu seu lugar.
No início foi a poesia, depois a rua, e perna de pau e percussão. Foram para a escola de Circo e lá viraram trapezistas de alto nível e palhaços. Grandes palhaços, generosos palhaços. Tão generosos que criaram um encontro em que todo mundo brilha e se diverte: O Anjos do Picadeiro. Com eles o Circo abraçou a rua outra vez. Modernos saltimbancos os Anônimos conseguem ser líricos e cômicos, simples e requintadíssimos tudo ao mesmo tempo, tocando nossas mentes, estômagos e corações ao mesmo tempo. O que é ver Angélica e Regina reinventando o trapezinho tradicional da ENC ao som de Rosa do Pixinguinha ? E o abraço amigo, a bolinha, o encontro no meio do número, o giro de amor e amizade ? Meninos eu Vi ! E revejo sempre com um intenso prazer...
Os Anônimos, como os Intrépidos, tem seus filhos, primos e parceiros. Abayomi, Cia. do Público, Cordão do Boi Tatá, Diadokai, é tudo uma mesma galera que partilha espaços e projetos. Generosos e solidários esses Anônimos...
É muito significativo que os dois principais grupos do Rio de Janeiro tenham surgido no mesmo ano: 1986. E que por caminhos tão diversos tenham bebido nas mesmas fontes e hoje partilhem a mesma casa. Os Anônimos vem da Zona Norte/Centro, os Intrépidos da Zona Sul. Mas todos beberam da tradição da Escola Nacional de Circo, cresceram no Circo Voador e estão agora, com seus amigos, parceiros e companheiros, juntos com Perfeito Fortuna na Fundição Progresso e neste catálogo.
Meninos eu Vi. E sei que ainda vou ver muitos mais....

Rio de Janeiro, 2 de abril de 2003 ( escrito especialmente para o I Catálogo de Circo Contemporâneo e Teatro de Rua do Rio de Janeiro)
Alice Viveiros de Castro
Acrobata mental, cúmplice e parceira, intrépida e anônima, de coração.

Alice Viveiros de Castro é atriz e diretora de teatro. Foi vedete de teatro de revista com Luiz Mendonça, contra-mestra do Pastoril, comediante de televisão. Abraçou o circo em 1979 quando conheceu Gugu Olimecha. Militante sindical foi Conselheira do Inacen representando os circenses. Virou pesquisadora, trabalhou na Funarte, professora, faz casting para o Cirque du Soleil e nunca mais deixou o picadeiro.
Adendo:
Nos últimos segundos a Malu Morenah me mandou um texto lindo falando dos artistas de rua, do Elias Bismarck, Borrachinha, Tigre e tantos outros e do encontro dela e da Verônica Tamaoki com a realidade das praças. Como se não bastasse ainda vem um texto antológico da Verônica sobre a Academia Piolin de Artes Circenses (São Paulo 1978-1982) e seus maravilhosos professores: Juscelino Savalla, Abelardo Pinto Sobrinho, Ubirajara Henriques, Julio Alberto Tapia Jr., Zoraide Savalla Baxter, Amercy Fabrini Marrocos, Estercita Fernandes, Roberto Santiago, Victor Santiago, Gibe Fernandes e Júlio Temperani ...
Não dei conta de falar de tanta gente e de tanta coisa importante...
Não falei da Vic Militello, que nasceu no picadeiro, sabe tudo de circo-teatro e tem sido parceira de todos os que percebem o quanto da alma brasileira está presente nos melodramas e nas comédias circenses.
Não falei do papel fundamental do professor George Laysson, que abraçou os malucos que queriam fazer circo e, pacientemente, ensinou montagem e segurança para a galera, e virou padrinho de todos nós...
Nem do projeto Passa na Praça que a Poesia te Abraça; nem do Chacal e da Nuvem Cigana, nem do Flávio Nascimento e a Feira de Poesia da Cinelândia; do Mano Mello, do Santiago e do Josué...O Receba o Circo de Braços Abertos ! Da Universidade do Circo Nem dos parceiros de São Paulo: José Wilson recebendo Vandinha e Beth na Escola Picadeiro, Rodrigo Matheus, Érica e Fernando fazendo a Circunferência, a chegada do Abracadabra no Rio... E a Verônica Tamaoki ? Tínhamos que dar conta de falar da importância de se publicar o livro do Circo Nerino... E o Picolino, o Maçaroca e todos os Cerícolas ? Meu Deus! Acho que vai ser preciso escrever um livro....

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Era uma vez um elefante que se equilibrava por um fio...


Este texto foi escrito por Paulo Ormindo Azevedo, Conselheiro do Conselho Nacional de Política Cultural, arquiteto, Professor Doutor da Universidade Federal da Bahia, especialista em Patrimônio Imaterial.No dia 17 de novembro foi lido diante dos Ministros da Cultura, Juca Ferreira e do Meio Ambiente, Carlos Minc.

clicar na imagem para aumentar...
eu não sei como publicar nada scaneado com tamanho maior... quem souber me ensine...
ah! este texto pode e deve ser espalhado aos 4 cantos

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Carta aos Ministros

Amanhã, dia 17 de novembro vou entregar aos Ministros da Cultura e do Meio Ambiente esta carta que vai assinada por todos os Conselheiros do Conselho Nacional de Política Cultural.
segue o texto:
O Conselho Nacional de Política Cultural, reunido em sua 8a reunião ordinária, em 17 de novembro de 2009, tendo presente que:
1 – a atividade circense, em todo o mundo, está intimamente ligada à participação de animais;
2 – seu fazer se constitui numa inequívoca manifestação do patrimônio imaterial dos países onde se desenvolve, notadamente no Brasil;
3 – o uso de animais carece, por outro lado, de regulamentação que lhes assegure adequada proteção ,
vem solicitar aos Ilmos. Srs. Ministros da Cultura e do Meio Ambiente a constituição de um Grupo de Trabalho com representação do IPHAN, FUNARTE, IBAMA e profissionais da área do circo, para exame multidisciplinar do tema, com vistas ao encontro de uma relação que atenda à continuidade da arte circense, proteja os animais e garanta a segurança do público.

A luta contra o preconceito e a difamação continua.....
estamos ganhando apoios muito importantes!
e Viva o Centro de Memória do Circo que foi inaugurado hoje em São Paulo!
e Viva a Verônica Tamaoki e todos os que amam o circo e lutam para que ele receba dos governantes o respeito que merece.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O Palhaço e os Animais - Durovs, os bobos do povo!

Hoje, quando o circo vive sobre a ameaça dos talibãs da ecologia, nada mais oportuno do que celebrar as proezas do palhaço Durov, o primeiro artista a tratar o adestramento dos animais com base científica. Palhaço cientista? Pois é, há muito mais inteligência no picadeiro do que pensam os fundamentalistas ambientais.


Desde tempos imemoriais que o ser humano encontrou nos animais parceiros. Se por um lado uma parte da tribo a cada animal que surgia só conseguia pensar em comida, uns e outros, os mais estranhos e criativos, viam em cada bicho um semelhante. Estes eram os que passavam dias com um pedacinho de comida na mão tentando se relacionar com um leão. Dá para imaginar o escândalo que os outros faziam: - Vamos parar de palhaçada, animal! Este bicho é perigoso, vai acabar comendo a gente! - diziam os histéricos. Mas o palhaço era persistente e de tanto olhar olho no olho, fazer gestos lentos e demonstrar que estava só a fim de fazer uma amizade, não é que foi conseguindo se relacionar com a bicharada?


Primeiro foram os cachorros. Ferozes parentes das raposas acabaram se transformando em amigos fiéis sempre dispostos a uma boa brincadeira. E vieram os gatos, uns felinos pequenos mas capazes de furar os olhos dos inimigos. Bichos de muita personalidade que hoje se transformaram em bibelôs de madame, passando a vida dormindo no quentinho e pedindo cafuné...


Em alguns casos nossos antepassados adestradores devem ter ficado desapontados com o resultado. Pois não é que justo quando ele conseguiu amansar os touros, o resto da tribo teve logo a idéia de inventar o churrasco? Onde ele via um parceiro de dança, um companheiro para acrobacias e saltos, os outros só enxergavam uma picanha ao ponto...


Pode parecer que estou brincando e inventando, mas não, estou só imaginando. O que sabemos é que cada povo soube lidar com os seus animais companheiros de habitat, pois era assim que os antigos deviam se sentir quando conseguiram montar num elefante, fazer um hipopótamo entrar na roda e dar umas voltinhas. Há quem pense que tudo isso foi conseguido à custa de sofrimento e dor, pois quem já adestrou algum bichinho sabe que todo o segredo está no afeto.


E aí nós damos um pulo na história. Passamos por cima dos acrobatas que saltavam sobre touros em Creta, sobre os palhaços e seus cachorros que encantavam os filósofos gregos nos simpósios e nem paramos para dar uma olhada nas imensas menageries dos romanos que sabiam montar espetáculos com mais de 300 elefantes, 500 leões e 200 tigres. E isso muito antes dos imperadores resolverem alimentar a bicharada com cristãos.


Chegamos aos Irmãos Durov, que deram início à grande dinastia de palhaços adestradores, orgulho do povo russo desde antes da revolução soviética.


Os irmãos Vladimir e Anatoli Durov eram de família nobre mas largaram tudo para seguir a divertida vida de artistas mambembes, viajando em carroças e apresentando-se para o povo no meio das praças. Nos tempos conturbados do final do século XIX criaram fama ridicularizando os ricos e poderosos com muita verve e habilidade. Anatoli era acrobata, mágico e um versejador cômico de primeira. Seguia a tradição dos palhaços populares russos que cantando e versejando atravessavam o país levando as notícias e criticando os costumes. Vladimir sempre teve uma queda especial pelos animais. E foi com um número em que cantavam, recitavam e faziam um divertidíssimo desfile de animais que os irmãos Durov conquistaram o povo e os jovens intelectuais revolucionários. Entravam no picadeiro com porcos, pombos, cachorros, patos e galinhas e quando o povo os aplaudia de pé diziam: não somos os bobos da corte do rei, somos os bobos da corte de sua majestade o povo!


Tchecov foi um de seus mais entusiasmados fãs e escreveu seu belíssimo conto sobre o cachorro Kashtanka inspirado num episódio ocorrido com Vladimir:


Num dia muito frio, de um inverno especialmente rigoroso, o palhaço ouve um ganido angustiado vindo da rua. Quando abre a porta de casa vê um vira lata marrom coberto pela neve que lhe lança um olhar profundo e triste. Era o Kashtanka, o cachorro do marceneiro que na mais terrível miséria havia abandonado seu companheiro. Vladimir recebe o novo amigo e lhe ensina uma série de pequenos truques. O cachorro é esperto e logo se transforma num dos queridinhos do público, realizando peripécias bastante complexas e alegrando especialmente a criançada. Mas um dia, no meio do número ele para e não segue a rotina combinada. Fica de orelha em pé, estático, como que tentando ver algo mais além na platéia. E de repente Kashtanka sai correndo até as últimas filas das arquibancadas pois tinha reconhecido entre os milhares de assistentes seu antigo e querido dono, o pobre marceneiro. Vladimir chama os dois ao picadeiro e a platéia enlouquecida e emocionada não sabe se chora ou se ri e aplaude mais do que nunca esta demonstração de amor entre seres tão diversos a quem a vida havia separado de modo tão cruel.


Vladimir Durov já era um especialista em fisiologia animal quando a revolução e o prestígio que o Estado Soviético lhe dedica tornam possível a criação do seu Centro de Estudos Durov, onde desenvolve seu método de adestramento baseado nos reflexos condicionados de Sechenov e Pavlov.


A família cresce a coleção de animais também. Tendo por base o afeto e o profundo conhecimento das características psicológicas de cada um dos animais os Durov se especializam em criar números cômicos com os mais diversos animais livres no picadeiro formando um surpreendente e simbólico conjunto.


Os palhaços adestradores inventam diálogos absurdos e vão conseguindo reações dos animais a cada fala dando a perfeita ilusão de que todos naquele picadeiro estão mantendo uma conversa hilária e completamente absurda. Elefantes, focas, camelos, patos, chimpanzés e porcos atuam juntos numa prova irrefutável da incrível capacidade de compreensão das características de cada um dos animais e do afeto com que eles são tratados.

O que os mal humorados que se intitulam defensores dos animais parecem querer negar é que somos todos animais e nesse pequeno planeta devemos buscar uma vida de prazer e alegria em que possamos conviver em harmonia. Ah! Se o mundo desse ouvido aos palhaços....


Alice Viveiros de Castro é acrobata mental, ambientalista, defensora dos animais e vive na roça com suas companheiras Nena, Menina, Rebeca, Punk, Fiona e com o Gato Pipoca.

terça-feira, 7 de julho de 2009

São só algumas perguntinhas.....Palhaços 1

Volta e meia recebo uns emails de estudantes, jornalistas e outros pedindo ajuda e fazendo algumas "pequenas perguntas".... e sempre pedindo respostas urgentes, é claro.
Hoje respondi uma mensagem de uma jornalista muito simpática que queria algumas respostas muito simples sobre essa coisa muito simples que é o nariz do palhaço......
Resolvi não responder, ou melhor responder não respondendo. Mas no final de tudo gostei do tema e deu vontade de compartilhar algumas pequenas idéias e até de desenvolver melhor o tema.
quem se interessa? Agradeço à Rute pelas perguntas impossíveis mas muito provocativas.

1.Qual a origem do nariz de palhaço?

Ninguém tem a menor idéia! Os palhaços de tribos primitivas e as figuras dos mímicos dóricos na Grécia antiga (antes mesmo da época das tragédias clássicas) comumente usavam bocas e narizes exagerados em suas máscaras. O mesmo acontece com as figuras da Commedia dell'arte e as figuras cômicas dos folguedos populares.

Quando no final do século XIX começa a fazer sucesso na Europa um tipo de palhaço a que se deu o nome genérico de "Augusto" ele usava o nariz pintado de vermelho pois sua figura era um bêbado, um idiota irresponsável e muito trapalhão. Mas há grandes diferenças de artista para artista e esta é uma época muito imaginativa em que os figurinos dos palhaços brancos e dos augustos eram muito importantes e cada artista se preocupava muito com sua figura.

2. Qual o significado o nariz de palhaço – e o próprio palhaço – carrega?

O nariz do palhaço no século XX adquiriu tal força mítica que "a menor máscara do mundo". Um nariz e já temos todo um personagem.
Não tenho a menor condição de te escrever sobre o significado do palhaço. Fiz um livro inteiro falando disso e nunca cheguei a uma conclusão ..... o palhaço é o erro, é o "cordeiro de Deus" que se deixa imolar pois sabe que nada tem sentido. É aquele que leva o pé na bunda por todos nós que levamos "pés na bunda" o tempo inteiro e nem percebemos ou fazemos de conta que não percebemos. O palhaço leva o pé na bunda, o tapa na cara e ri. E segue adiante. Trupica, se enrola, leva a torta, joga torta e olha para a platéia feliz! Pois nada disso importa! E parece que ele é o único que na verdade sabe que não existem vencedores.... todos estamos de bunda no chão com as pernas pró ar.... ele sabe e procura nos ajudar a deixar essa vida mais leve...

3.A Sra. acha que o símbolo do palhaço é mais associado ao humor ou à ironia?

Onde o humor e a ironia se separam? Há palhaços para todos os gostos. Mais líricos, mais irônicos, mais sutis, alguns sem nenhuma sutileza metem o dedo no nariz, tiram a meleca e comem. E ainda lambem os beiços...
É comum nos referirmos ao "palhaço' como se ele fosse uma figura única com pequenas variações.... eu creio que há uma alma de palhaço mas que os corpos, as falas, as formas, os jeitos são inúmeros, incontáveis, inimagináveis.......

4.Fale-me um pouco sobre sua opinião quanto ao uso do nariz de palhaço em protestos e manifestações.

Sou contra! Acho a maior babaquice (desculpe o termo!) Palhaço quando faz política tem que ser muito sutil. Tem que ser muito inteligente, não pode fazer protesto que nem todo mundo. Tem que ser uma ação que critique a todos até aos que estão se manifestando, pois o palhaço sabe que tudo é um grande jogo e que mais importante pode ser uma borboleta passando.
(atenção: sou militante - agora mesmo não tenho feito outra coisa que não seja defender a Regulamentação dos animais nos Circos - e já sai de cara pintada, de camiseta preta e estive na primeira passeata gay do Brasil, mas acho que palhaço é outra história.... )

terça-feira, 16 de junho de 2009

Os Direitos Culturais como Plataforma de Sustentação da Política Nacional de Cultura

gostei tanto que resolvi copiar:

De acordo com a ONU/Unesco, são direitos culturais"

Direito à identidade e à diversidade cultural
Direito à participação na vida cultural
direito à livre criação
direito à livre fruição
direito à livre difusão

direito à livre participação nas decisões da política cultural
Direito Autoral
Direito /dever de cooperação cultural internacional

Sistema Nacional de Cultura

Agora passamos a estudar Sistema Nacional de Cultura (documento fruto de inúmeras e infindáveis discussões ...)
quem está apresentando o material 71 páginas frente e verso é a Silvana Meirelles e o Roberto Peixe.
Acredito que este documento logo logo estará disponível no site!

Discussão sobre a nova lei Rouanet

Nesse momento todos discutem e muito as mudanças da lei Rouanet especialmente em relação ao Fundo e às participações regionais e os recursos nacionais....
não é fácil...
nada fácil...

Jandira Feghali na reunião do CNPC

Acabou de chegar a nossa Secretaria Municipal de Cultura e presidente do Forum dos Secretarios Municipais de Cultura,Jandira Feghali.
A primeira pergunta que ela me fez foi sobre a questão dos animais e amanhã ela estará presente no café da manhã disponível para defender a Regulamentação dos Animais e dos Circos.
Outro grande parceiro é o Secretario de Cultura de Cuiabá, Mario Olimpio Filho, que se propos a enviar documentação para TODOS os prefeitos do Brasil sobre a importância de se apoiar os circos e os circos com animais especialmente!
beijos
estou ficando mais feliz

Diretamente da reunião Conselho Nacional de Politica Cultural

Estou escrevendo enquanto escuto a fala do Ministro Interino da Secretaria Geral da Presidência da República, Antonio Lambertucci.
explicitando parte das medidas de garantir as liberdades democráticas e o exercício da democracia ele cita a realização de 54 Conferências Nacionais e que este ano serão realizadas mais 13!
No ano que vem, em março, teremos a II Conferencia Nacional da Cultura e o Circo tem que estar presente, organizado e muito mais combativo!

O Governo tem mais de 140 Conselhos sendo que desses 54 sao considerados muito combativos e já estruturados.
vou tentar ir passando as informaçoes do CNPC passo a passo.
Tenho certeza que meus 3 leitores ficarão muito interessados.
até daqui há pouco.
AH! não percam: amanhã o Conselho Nacional de Política Cultural participará de um café da manhã com a Comissão de Educação e Cultura!!!!!

sábado, 13 de junho de 2009

Querem proibir animais nos Circos Brasileiros...


enquanto isso o Circo Nacional da Suiça, o Knie, com mais de 200 anos de história faz seu tradicional desfile pelas ruas da Basiléia.....

sábado, 6 de junho de 2009

A Arte do insólito

Este texto foi escrito especialmente para a Revista Continente.
Mas acho que ainda vale republicá-lo:
O circo é a arte do insólito, do inesperado, do surpreendente

A arte do insólito

O circo é a arte do insólito, do inesperado, do surpreendente. Gente que faz coisas inimagináveis, de deixar outras gentes de boca aberta e com o coração na boca.

O circo é a arte de realizar proezas, enfrentar riscos, colocar-se à prova apenas pelo prazer de surpreender e encantar o público.

O circo é a arte do diverso. Tudo cabe debaixo de uma lona, tudo pode entrar na roda mágica do picadeiro.

A história do circo é a longa trajetória dos que se esmeram em dominar a técnica de fazer estranhos movimentos, chegando ao cúmulo de arriscar a própria vida apenas para entreter seus semelhantes e terem a suprema satisfação de vencerem a si mesmo.

Os primeiros circenses eram exímios caçadores, ágeis, fortes, de grande pontaria e de muito bom humor. Gosto de imaginar uma tribo pré-histórica atirando-se à caça do almejado bizão. Os trogloditas organizados fecham o cerco ao animal. Primeiro chegam os mais ágeis corredores que acuam o bicho, depois vem os mais fortes provocando e enfrentando a fera de frente, deixando o animal cansado e pronto para ser atingido pelas toscas lanças dos melhores lanceiros do grupo. Pronto, agora é a hora, todos olham para o barbudo dono da melhor pontaria, aquele que sabe tudo de lanças e como melhor cravá-la na garganta do futuro alimento. Mas eis que incentivado pelos olhares ansiosos de seus companheiros ele, subitamente, começa a girar a lança de uma mão para a outra, primeiro devagar, depois com rapidez e leveza, hipnotizando a todos. A todos menos ao bizão, que aproveita a confusão e foge…

Ou talvez, quem sabe, o esperto malabarista tenha se contido, acertado o bicho bem no meio dos olhos e voltado para a caverna carregado em triunfo. Mais tarde, depois do lauto banquete, sentado em roda, aquecendo-se ao fogo, enquanto a tribo rememora a caçada nosso herói se põe a realizar proezas com a lança. Passa-a de uma mão para a outra, atira-a para o alto e pega-a por trás. Gira-a em movimentos rápidos e surpreendentes dando à lança uma nova função, não mais arma mortal, mas objeto de puro prazer e encantamento.

As primeiras proezas circenses de que temos notícias estão diretamente ligadas à caça aos touros. Para nossos antepassados mais remotos ir á caça era a mais importante atividade do grupo, mistura de festa e ato de profunda fé e religiosidade. Os achados arqueológicos de Catal Huyuk, antiquíssima cidade da região da Anatólia, na Turquia, já demonstram a forte presença da arte de dominar um touro e sobre ele realizar saltos e acrobacias diversas. Algo que já era admirável há mais de 8.000 anos.

As primeiras imagens de acrobatas foram encontradas em Knossos em Creta e tem mais de 4.500 anos. Belas jovens realizam ousados e arriscados movimentos sobre um imenso touro que é contido por um rapaz forte e musculoso. Na China, em Wuqiao, pinturas numa pedra, da mesma época, mostram o lendário batalhão de cavaleiros acrobatas que conseguiram derrotar o inimigo surpreendendo-o com seus saltos e inacreditáveis peripécias no lombo dos cavalos. Lá pelo ano 3.000 A.C as pirâmides do Egito já eram decoradas com figuras de malabaristas, equilibristas e contorcionistas.

Artistas da proeza sempre existiram quer se apresentassem nas ruas, feiras, palácios ou sobre improvisados tablados. Para os antigos toda expressão que aliava domínio técnico, apuro na execução e harmonia nos movimentos era admirada e reconhecida como arte.

A divisão entre arte erudita e arte popular, que sempre existiu mas se fortalece nos últimos séculos da idade média como forma de garantir apoio da igreja às expressões culturais mais bem comportadas, é que vai colocar as artes do corpo em um lugar de discriminação e desimportância.

Reis e Papas tentam regulamentar as expressões artísticas separando as que deveriam ser apoiadas e incentivadas das que não mereciam nenhuma consideração e eram apenas expressão dos baixos instintos, devendo ser ignoradas ou proibidas. Em 1274, Afonso X, rei de Castela se dá ao trabalho de classificar os jograis* em 6 diferentes tipos, separando o jogral que tangia instrumentos, contava novas, recitava e cantava versos, portando-se com dignidade, dos bufões e trejeitadores, mímicos que só serviam para divertir a plebe com grosserias e palhaçadas.

A nobreza esmerava-se em patrocinar seus artistas preferidos e os reis passam a instituir as Reais Companhias de dramas, comédias e música, base dos Teatros, Operas e Corpos de Baile Nacionais. Os artistas dos teatros de feira, funâmbulos que se equilibravam atravessando cordas em grande altura, amestradores de animais, saltadores, malabaristas, mímicos, mágicos, bonequeiros e outros que tais acabam ficando de fora do mundo da Arte com A maiúsculo, não recebendo verbas oficias nem ganhando o apoio da Igreja e do Estado. Mas o público nunca os abandonou e a nobreza e o clero sempre frequentaram suas arquibancadas com prazer e alegria… só não davam dinheiro nem valor….(até hoje, até hoje….. )

O Circo casa de espetáculo, espaço redondo onde se exibem números diversos de proezas e fantasia surge na segunda metade do século XVII. Franceses e britânicos brigam pela criação do circo moderno, cada um puxando para si a primazia de ter reunido num único espaço os diversos números da arte da equitação e os mais diferentes exercícios de pericia e habilidades.

Em 1776 o sargento inglês Philip Astley faz um sucesso retumbante com sua casa de espetáculo, um picadeiro onde montava grandes pantomimas com números de adestramento de cavalos, exibições de acrobacias equestres e mais equilibristas, aramistas, saltadores e malabaristas.

O Circo nasce como espaço onde tudo pode ser exibido desde que seja capaz de surpreender, emocionar ou impactar o público. Teatro, música, dança, cenários retumbantes, figurinos maravilhosos, todos os meios eram válidos para encantar a audiência.

No Brasil o primeiro palhaço veio nas caravelas com Pedro Álvares Cabral. Diogo Dias era seu nome e já havia trabalhado em comédias e arremedilhos antes de se aventurar nas travessias de mares nunca d’antes navegados. Ao ver os índios dançando na outra margem do rio, logo após a primeira missa, Diogo passou-se para o outro lado e começou a dar saltos e piruetas e a rir com os da terra que logo se encantaram e com ele formaram uma grande roda.

Circenses cheios de energia e coragem apresentaram-se nas regiões das Minas Gerais já nos idos de 1720, deixando desesperado o bispo D. Frei Antonio de Guadalupe que se queixava ao Santo Ofício dos ciganos que infestavam Vila Rica e outras regiões com suas comédias e óperas imorais.

O século XIX é o século do circo. Companhias atravessam os continentes e pouco a pouco vão criando dinastias locais de grandes artistas. É assim no Brasil onde as famílias circenses chegam, criam raízes e abrasileram-se… Chiarinis, Seyssel, François, Stankowichs, Stevanowichs, Silvas, Temperanis, Olimechas, Manges e tantos outros são a base do circo brasileiro. Um circo que sempre soube ir onde o povo está.

Hoje no Brasil calcula-se que mais de 1500 circos estejam em atividade entretendo uma platéia de mais de 20.000.000 milhõees de espectadores por ano. Além dos circos itinerantes que mantém viva a tradição da lona temos mais de 50 escolas e projetos sociais que ensinam as artes circenses e são o berço de novas trupes e companhias.

Tradicionais, contemporâneos, clássicos ou modernos não importa muito o estilo de cada um. Cada época se emociona ou se surpreende do seu jeito particular e próprio. Mas o fato é que homens e mulheres do século XXI temos muito em comum com nossos antepassados, tal qual nossos avós das cavernas sabemos admirar gente capaz de realizar com graça e perícia coisas que nós nem sonhávamos imaginar.

Nota:

Jogral, vem do latim jocus, brincadeira, diversão. Mesma origem de lúdico. O termo era usado em toda a idade média e renascimento para os artistas de diferentes habilidades que percorriam os castelos tocando, cantando e realizando pequenas proezas. É a origem de juggler e jongleur, malabarista em inglês e francês respectivamente.


Alice Viveiros de Castro é acrobata mental, ex-vedete de Teatro de Revista, foi contra-mestra no Pastoril de Luiz Mendonça e atualmente dirige o espetáculo Vida de Artista com a trupe do projeto Crescer e Viver do Rio de Janeiro. É autora do livro O Elogio da Bobagem – palhaços no Brasil e no mundo, editado pela Família Bastos Editora com o patrocínio da Petrobras.


quarta-feira, 3 de junho de 2009

Primeiro do que tudo segundo do que nada...

Essa é minha primeira experiência como blogueira.
quero ter um espaço para fazer meus exercícios de acrobacia mental e quem sabe não acabo escrevendo mais e deixando a preguiça de lado.
Tem tanta coisa enchendo minha cabeça, espero que o blog funcione como uma pensadeira.
sim, eu leio Harry Potter e Alexandre Dumas e já li toda a Agatha Christie...
No momento quero apenas escrever em letras garrafais:
FORA! FALSOS DEFENSORES DOS ANIMAIS
FORA! NEONAZISTAS ECOLOGICOS
FORA! ECO-TALIBÃS
FORA FUNDAMENTALISTAS MENTIROSOS QUE USAM A COMPAIXÃO COMO MOTIVAÇÃO PARA DISSEMINAR O ÓDIO.
E quanto aos que são "filosoficamente" contrários aos animais nos circos peço que fiquem longe de mim por um bom tempo.... de cima do muro vocês estão deixando os idiotas assumirem a responsabilidade de proteger os animais e estão legitimando este bando de imbecis como "ambientalistas"